O aumento do nível de polinização
que se tem verificado nos últimos dias leva a um aumento das queixas
de sintomas alérgicos, nomeadamente a nível ocular.
As conjuntivites alérgicas, que
atingem 30 por cento da população portuguesa, em especial a camada
mais jovem, podem ser tratadas mas sobretudo prevenidas, evitando o
contacto com os elementos que provocam a alergia (alergénios).
Ana Paula Sousa, oftalmologista e
membro da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) explica que “a
conjuntivite alérgica é uma doença inflamatória da superfície
ocular externa, muitas vezes recorrente, que se manifesta através de
prurido e sensação de ardor nos olhos, lacrimejo, olhos vermelhos,
fotofobia e edema (inchaço) da conjuntiva e das pálpebras”.
A conjuntivite pode também ter origem
infeciosa, quando é provocada por vírus ou bactérias mas
distingue-se da patologia alérgica porque , segundo a especialista,
na primeira “predominam as secreções mucopurulentas ou
sero-mucosas, contrastando com a lágrima límpida das conjuntivites
alérgicas. Além disso a alergia manifesta-se nos dois olhos,
enquanto a conjuntivite infeciosa pode manifestar-se num dos olhos,
estado normalmente associada a sintomas de infeção respiratória
alta e a inflamação do gânglio pré-auricular ou submandibular”.
A oftalmologista realça ainda que “A
conjuntivite alérgica é muitas vezes acompanhada de sintomas nasais
de rinite (rinoconjuntivite alérgica) e manifesta-se em cerca de 70%
dos doentes com rinite alérgica. Os seus sintomas agravam-se nesta
altura do ano em que há uma grande quantidade de pólenes no ar
(gramíneas, oliveira e parietária, que são os mais comuns entre
nós), caso se trate de conjuntivite alérgica com carácter sazonal.
Na sua forma com carácter persistente (perene), a conjuntivite
alérgica está relacionada com outro tipo de alergénios, como os
ácaros do pó da casa e os epitélios de animais domésticos (gato e
cão ).
Para tratar a conjuntivite alérgica
são utilizados “anti-histamínicos tópicos de ação rápida e
dupla, eficazes no alívio imediato dos sintomas e previnem a
libertação de mediadores inflamatórios. Os corticosteróides
tópicos são também eficazes, mas a sua utilização deve ser ponderada
e essencialmente monitorizada por oftalmologista”, explica Ana
Paula Sousa.
Mas, segundo a especialista “tal como
acontece com outras manifestações alérgicas deve prevenir-se o
desencadear ou o agravamento da alergia ocular evitando a exposição
aos alergénios. Assim, na época polínica, que no nosso país se
estende de Março a Julho (dependendo do alergénio em causa), deve
evitar-se andar ao ar livre nas primeiras horas da manhã, altura em
que há maior polinização, em dias ventosos, quentes e secos e em
espaços relvado. Outra medida aconselhável será o uso de óculos
escuros, com 100% de filtro UV. Nas situações de conjuntivites
alérgicas na sua forma perene é fundamental evitar a acumulação
de pó em casa e a proliferação de ácaros domésticos, cujo
crescimento é facilitado pelo calor e pela humidade”.
Manuela Carmona, presidente da SPO,
frisa que “o incómodo causado pelas conjuntivites é facilmente
tratado por um especialista, mas devemos lembrar que se trata de um
processo inflamatório ou mesmo infecioso, pelo que é fundamental
procurar sempre o seu oftalmologista assistente”.
Fonte: Revista Mundo da Óptica
Fonte: Revista Mundo da Óptica