A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
(SPO) revelou que cerca de 20 por cento das crianças em idade
escolar têm algum défice da função visual e defendeu a realização
de rastreios a partir dos três ou quatro anos.
O oftalmologista pediátrico do
Hospital de S. João e membro da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
disse que “as doenças dos olhos que mais afectam as crianças são
os erros refractivos (miopia, hipermetropia e astigmatismo), a
ambliopia e o estrabismo”.
“Estima-se que cerca de 20 por cento
das crianças em idade escolar tenham algum défice de função
visual provocado por uma destas patologias ou outras menos
frequentes, que acabam por interferir com o rendimento escolar”,
frisou. De acordo com o especialista, um dos sinais mais habituais de
problemas na visão é “a dificuldade na leitura”.
A lentidão ou rejeição das tarefas
que exigem esforço visual, o fechar ou tapar um dos olhos e os erros
a copiar do quadro são outros sinais de alerta. Dores de cabeça,
náuseas, olhos vermelhos, inchados ou lacrimejantes, estrabismo e
fotofobia (dificuldade em suportar a luz) “são sintomas que não
podem ser ignorados e devem levar os pais a procurar um
oftalmologista”, defendeu Augusto Magalhães.
O especialista considera que é
fundamental realizar um primeiro rastreio por volta dos três ou
quatro anos, porque nesta idade a criança já colabora minimamente e
o procedimento acaba por ter uma boa relação preço-eficácia. No
entanto, sustentou, “do ponto de vista médico é preferível
rastrear mais cedo”.
A forma como a utilização de
computadores e outros dispositivos electrónicos podem influenciar a
função visual é uma questão que preocupa muitos pais, mas Augusto
Magalhães desmistifica esta ideia e explica que “não existem
estudos científicos que comprovem a ideia de que os computadores
provocam e/ou aumentam a miopia”.
“O único prejuízo – segundo o
oftalmologista pediátrico - é o cansaço visual sentido após o uso
prolongado e ininterrupto destes dispositivos electrónicos” pelo
que recomenda que “a sua utilização seja alternada com períodos
de descanso”. Para promover a saúde visual, o especialista
recomenda ainda que os pais e educadores “providenciem a
iluminação, cadeira e secretária adequadas para tarefas de
leitura, corrigindo posições erradas (como ler deitado de barriga
para baixo) e certificando-se de que a distância de leitura é de 30
a 40 centímetros”.
É fundamental também “a realização
de pausas e verificar a posição dos monitores do computador e da
televisão, evitando reflexos. No computador, os olhos devem estar a
um nível superior (15 a 20º) do centro do monitor e a distância da
televisão deve ser cinco vezes a largura do ecrã”.
Fonte: Revista Mundo da Óptica
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